24 de julho de 2007

Nosso dia-a-dia é um Folclore

Abaixo vai um trecho do texto "A Gramática Simbólica", do diretor executivo do Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP), Claudius Ceccon, que está na revista Onda Jovem (www.ondajovem.com.br) desse mês de Julho.

“No sentido antropológico, cultura não é o capital de saberes acumulados individualmente. Ao contrário, é uma espécie de gramática simbólica que organiza e dá sentido às idéias, aos comportamentos, às práticas sociais. A comunicação e as relações sociais são fundamentais na produção, reprodução, circulação e apropriação da cultura, conferindo-lhe um caráter dinâmico, de permanente re-criação, atravessada por relações de força por interesses em disputa. Os indivíduos, em razão de sua posição social, tem acessos diferenciados à chamada cultura legítima, produzindo sínteses particulares para a interpretação do mundo. Então “vamos combinar” que cultura tem a ver com valores, modos de pensar, comportamentos; com crenças e teorias que ajudam a explicar o mundo e o lugar que alguém ocupa nesse mundo. E ainda com normas, regras e princípios morais que determinam de que maneira as pessoas devem agir.”

Depois que li esse texto, lembrei de uma argumentação minha em várias conversas sobre cultura (em todas as suas vielas). Lembrei-me que o folclore é passado muitas vezes nas escolas como algo muito distante e periódico, e nesse mesmo “balaio temporal” vai a nossa linguagem, ou seja, nossa cultura. Nunca é tarde para entender que não adianta mascarar o que está no sangue, e nossa linguagem folclórica faz muito mais parte do nosso dia-a-dia do que pensávamos. Nossa identidade não precisa de “realises”, nem nossos dias de “check lists”. Só precisamos lembrar do que é nosso.