1 de outubro de 2007

MUNIC: Nossa Cultura Mapeada

A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2006) do IBGE, ganhou um suplemento voltado para a cultura. O Ministro Gilberto Gil, no último dia 17, lançou a inserção desse documento na pesquisa do instituto. No discurso de Gil (www.cultura.gov.br/noticias/discursos/index.php?p=29795&more=1&c=1&pb=1), ele cita a boa parceira entre o IBGE e o MinC, no quarto ano de pesquisas municipais e instiga a sociedade a pensar nas diversas possibilidades que os dados nos proporcionam sonhar.

É notório a positividade que envolve todo o discurso do Ministro, não só pelos dados da pesquisa (que por si só, elogiam a gestão), mas pela atual aceitação de seu mandato por todas as camadas sociais. Não quero levar esse texto para um discurso político, mas segundo o Munic, em sete anos, cresceu em 178% o número de municípios com acesso à Internet, em 41% a quantidade de museus nas cidades brasileiras e em praticamente 17% o número de bibliotecas. Esses e outros dados geram parâmetros para comparações e discussões embasadas em números concretos, aumentando a possibilidade de encontrar falhas, e corrigi-las antes que a bola de neve aumente, ajudando a mapear melhor a realidade cultural brasileira. Essa sim foi a grande vitória da pesquisa. Segundo o ministro, “nesses quatro anos, a cultura passou a ter visibilidade numérica e mensuração estatística”.

Os dados motivam ações regionais. Como diríamos: agir “na ferida”, ou “nas feridas”, fazendo com que o controle das atividades culturais do governo federal nos municípios, seja melhor fiscalizado futuramente. E abre um leque de possibilidades para novas inovações no âmbito cultural federal, no intuito de descentralizar a nossa cultura, até por que, acredito nessas pesquisas quando penso em um país continental e dinâmico culturalmente, como o nosso. O ministro também enxerga dessa forma quando comenta que com o Munic, conseguimos visualizar os males culturais que a nossa colonização nos deixou como herança: “o Munic demonstra, sem nenhum artifício, as mazelas entranhadas por séculos da história do nosso País, que se espalharam por nosso território e inocularam as desigualdades oriundas de um modelo de colonização, um modelo de povoamento e um modelo de desenvolvimento”. Completo: um modelo falido de um colonizador falido.

Como diriam alguns amigos meus: “os trabalhos” já começaram. Acredito que o Ministério está no caminho certo, ainda é pouco, mesmo vivendo em um país onde toda esmola é bem vinda, e logo se diz “é pouco mais é alguma coisa” (trecho que me remete outro trecho bem explorado de quatro em quatro anos: “rouba mas faz”)... Ainda é pouco. Mas é um início. E vou cobrar mais.